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Transtorno do Pânico

“De uma perspectiva psicanalítica, o pânico corresponde a um afeto extremo de angústia despertado pelo confronto súbito do sujeito com seu desamparo”

O pânico corresponde a um afeto extremo de angústia despertado pelo confronto súbito do sujeito com seu desamparo. Nós somos seres desamparados. Não há garantias absolutas de nada na vida. Podemos morrer a qualquer momento, mas nem por isso deixamos de andar a vida, de viver o cotidiano, incorporando os riscos em jogo neste movimento do viver. Para certas pessoas esta condição de desamparo insuperável, fica enuviada pela ilusão de um ideal protetor onipotente, que garante a estabilidade do mundo, do mundo psíquico, organizado longe das incertezas, da falta de garantias e de indefinições, longe da angústia! A condição de que, sem os cuidados de um outro, o bebê humano, imaturo e indefeso, não pode sobreviver, primeiramente, do ponto de vista biológico, faz Freud conceber a posição fundamental do desamparo na constituição psíquica. O bebê precisa de alguém para satisfazer suas necessidades, por exemplo, a fome, o que revela sua impotência na extinção da tensão interna e isto, para Freud, caracteriza o ser humano como dependente do amor do outro. Deste modo, o crescimento de uma tensão com a qual a criança não consegue lidar sozinha, corresponde a um acúmulo de excitação que ultrapassa o valor limite do seu aparelho psíquico, e é vivido então, como sensação de desprazer. Este é o traço comum entre a situação de perigo do nascimento e as situações de perigo posteriores a ela, sejam reais ou imaginárias. Para o adulto, o desamparo é o modelo da situação traumática que gera angústia. Ser tomado pelo pânico atesta que a pessoa não conseguiu subjetivar a condição de desamparo. Esta é a motivação básica do pânico, sob um ponto de vista psicanalítico: a perda do ideal protetor ou o medo da perda do amor. Freud falou do pânico em um texto que se chama “Psicologia das massas e análise do eu”, de 1921.

Como a psicanálise pode ajudar no tratamento de sintomas atribuídos ao transtorno do pânico?

Levar o paciente a se implicar no seu sofrimento, a se questionar sobre o que acontece com ele, a falar, a procurar dar sentido, a partir da sua história, ao que parece não ter sentido: os ataques súbitos de pânico. No tratamento psicanalítico procura-se criar com o paciente condições para que ele possa subjetivar a condição de desamparo. Até a eclosão da primeira crise de pânico, a questão do desamparo não se colocara de fato para o paciente. Como disse anteriormente, a condição de desamparo estava enuviada pela ilusão de um ideal protetor onipotente, que garantia a estabilidade do mundo organizado longe das incertezas e da falta de garantias da vida.

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